CRESCENTE CANSAÇO DA PÍLULA

13/06/2010 21:39

 (Tradução: Pe. Roni, CSsR)


Há uma crescente fadiga com a pílula: "Eu desisto. Eu não posso mais!" É a observação feita por mais e mais mulheres jovens que há muito têm tomado a pílula. Uma constatação envolvendo também as consultas ginecológicas de Paris diz: "Minhas pacientes estão colocando mais e mais questionamentos. Nestes últimos meses, não passa uma semana sem que uma delas venha a mim para encontrar outra forma de contracepção. Todas elas têm quase o mesmo perfil: jovens mulheres de 25 a 35 anos, ativas, que tomam pílula por 10 anos ou mais, a maior parte com parceiro estável ao longo dos últimos anos". Catherine El Mghazli, coordenadora do Planejamento Familiar em Paris, explica que "em consulta, algumas mulheres também estão procurando um método 100% natural [...]. É o tempo da ecologia".


Numa França que lidera o ranking mundial de países que usam a pílula (60% das mulheres tomam contraceptivos), o que parecia um ganho na década de 60 é agora visto como imposição por mais e mais mulheres. Anne, 32, diz que começou a sentir seu corpo e recuperou seu controle após a interrupção da pílula. O argumento do respeito pela saúde é igualmente apresentado. Anne diz que seu amigo concorda com ela que é errado submeter o corpo à química o tempo todo. Por ouro lado, Inês, 31, explica sua repulsa: "Foi-me dito ok, você coloca um creme na pele sem parabenos (produtos químicos utilizados como conservantes em cosméticos e farmacêuticos industriais), você se recusa a comer frango com hormônios, mas você se enche de hormônios. Isso me fez estremecer".


Louise, 32, denuncia "o lado dogmático, como se essa fosse a única maneira para a contracepção. Tem-se a impressão que não há outra escolha, que há uma única escola de pensamento e que não é possível divergir, questionar a norma. Nadia, 32, reagiu como "feminista": "Eu parei de tomar a pílula para não tratar o meu corpo como uma pessoa estranha. Minha libido teve uma explosão. Infelizmente, essa questão do prazer raramente é abordada pelos médicos. E depois, por que o controle da fecundidade fica só por conta das mulheres? Por que não se desenvolve um contraceptivo masculino? "

Publicado em "Libération" (Olivia Marsaud) 09/06/10