CAPÍTULO III 


A COMUNIDADE APOSTÓLICA
DEDICADA A CRISTO REDENTOR

Art. 1º — A missão de Cristo Redentor, razão da dedicação

46.    Os Redentoristas consolidam sua vida pessoal e comunitária pela profissão religiosa, para se dedicarem totalmente à obra do Evangelho e exercerem a perfeição da caridade apostólica, o que constitui o próprio fim da Congregação.

47.    Pela profissão religiosa, intimamente radicada na consagração batismal e sua expressão mais plena, os Redentoristas são associados de modo especial à missão de Cristo como ministros do Evangelho conduzidos pelo Espírito Santo.

48.    Cristo, para cumprir essa sua missão, que comporta essencialmente a caridade pastoral, “...aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” (Fl 2,7).

Submeteu-se à vontade do Pai para a obra da redenção que realizou por toda a sua vida.

49.    Separados para a obra à qual foram chamados (At 13,2), os Redentoristas estão prontos a ser fiéis à vocação por toda a sua vida, a renunciar a si mesmos e a tudo o que possuem, a fim de se tornarem discípulos de Cristo e se fazerem tudo para todos (cf. 1Cor 9,22).

50.    Na Igreja, que continua e explicita a missão da salvação, seguem o mesmo caminho palmilhado por Cristo, isto é, o caminho da virgindade, da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação de si mesmo até à morte, da qual, por sua ressurreição, saiu vitorioso.

Assim participam, de modo especial, do próprio mistério da Igreja e mais intimamente são assimilados ao mistério pascal.

Art. 2º — Sinais e testemunhas

51.    Por essa total dedicação à missão de Cristo, participam os Redentoristas da abnegação da cruz do Senhor, de sua virginal liberdade de coração, de sua radical disponibilidade pela vida do mundo. Devem, pois, tornar-se perante todos os homens sinais e testemunhas da força de sua ressurreição, ao mesmo tempo que anunciam a vida nova e eterna.

Art. 3º — A missão unificadora de toda a vida

52.    A caridade apostólica, pela qual os Redentoristas participam da Missão de Cristo Redentor, constitui o princípio de unidade de toda a sua vida. Com efeito, por ela, de alguma forma, se identificam com Cristo que, por meio deles, continua a cumprir a vontade do Pai, realizando a redenção dos homens.

53.    São uma só coisa a glória de Deus e a salvação do mundo, o amor para com Deus e o amor para com os homens. Por essa razão vivem os Redentoristas a união com Deus sob a forma de caridade apostólica e procuram a glória de Deus através da caridade missionária.

54.    Assim, a caridade pastoral informa e dá unidade à vida dos Redentoristas. Na verdade, a vida comunitária está a serviço do apostolado. A contínua conversão, que decorre da total entrega a Deus, aumenta a disponibilidade para o serviço dos outros. E os próprios vínculos religiosos, pelos quais se dedicam a Deus, necessariamente incluem e promovem nos Redentoristas a dimensão apostólica.

Portanto, a profissão religiosa torna-se o ato que define toda a vida missionária dos Redentoristas.

Art. 4º — Todos missionários

55.    Por essa profissão, todos os Redentoristas são verdadeiramente missionários, quer se dediquem às várias funções do ministério apostólico, quer estejam impedidos de trabalhar, quer estejam ocupados em quaisquer serviços à Congregação e aos confrades, quer sejam idosos, enfermos e incapacitados para atividades externas, quer, principalmente, suportem dores ou enfrentem a morte pela salvação do mundo.

Art. 5º — A profissão, resposta de amor

56.    Inspirados e fortalecidos pelo Espírito Santo, empenham-se os Redentoristas para chegar à total doação de si, para serem eles mesmos, por Cristo, como que uma resposta ao Senhor que “os amou primeiro” (1Jo 4,10). Essa resposta, expressam-na pela profissão dos votos de castidade, pobreza e obediência.

Art. 6º — A castidade

57.    A castidade religiosa, que comporta a obrigação da perfeita continência no celibato, já que significa e contém, como o matrimônio, embora de modo diverso, o mistério do amor de Cristo e da Igreja, manifesta a presença do reino de Deus na terra (cf. 1Cor 7,34; Ef 5,25-32).

58.    Os Redentoristas, consagrados a esse mesmo mistério de amor, escolhem o celibato por causa do reino dos Céus (cf. Mt 19,12), a fim de se dedicarem, pessoal e comunitariamente, a Deus e à missão de Cristo (cf. Jo 17,19) e, alargando o coração e pensando no que é do Senhor, amarem e servirem o próximo (cf. 1Cor 7,32), manifestarem assim o amor da Igreja por Cristo (cf. 2Cor 11,2) e preanunciarem as coisas celestiais (cf. Lc 20,35-36).

59.    Aqueles que do Pai recebem esse dom, de tal forma são atraídos pela realidade do reino de Deus, que só pela opção dessa castidade religiosa podem corresponder plena e pessoalmente ao amor de Deus.

Para compreenderem mais perfeitamente o mistério da castidade e o viverem com liberdade e alegria, implorem-no, com insistência e humildade, em união com a Igreja e promovam-no constantemente com meios adequados.

60.    Empreguem, pois, todos os meios e recursos das ciências que favorecem a saúde do corpo e da mente. Não deixem principalmente de seguir as normas ascéticas provadas pela experiência da Igreja. Lembrem-se além disso todos, e principalmente os Superiores, que a castidade se conserva mais seguramente quando entre os confrades vigora verdadeiro amor fraterno na vida comunitária (cf. Const. 23, 34).

Art. 7º — A pobreza

61.    Os Redentoristas, missionários que são, abracem confiantes a pobreza de Cristo “que, sendo rico, se fez pobre por nós, para que fôssemos ricos por sua pobreza” (2Cor 8,9).

62.    Empenhem-se para viver segundo o espírito de que estava imbuída a comunidade apostólica, pelo qual se tornam sinal da vida fraterna dos discípulos de Cristo, dos quais se diz: “A multidão dos crentes era um só coração e uma só alma; ninguém dizia que era seu o que possuía, mas tudo lhes era comum” (At 4,32).

Por isso, todos os bens, convenientes mas modestos, tenham e usem-nos em comum.

Tudo o que os Redentoristas adquirem por seu trabalho, ou em vista do Instituto religioso, adquirem-no para o Instituto religioso e deve, portanto, ser incorporado aos bens da comunidade.

63.    Sem prejuízo das modalidades já provadas, procurem novas formas de praticar a pobreza, sempre mais conformes ao Evangelho e que constituam realmente um testemunho pessoal e comunitário da pobreza evangélica.

64.    Como pobres, sintam-se de tal modo obrigados à lei do trabalho, que cada um, cumprindo seu dever, contribua na medida do possível para o sustento próprio e dos outros.

65.    A caridade missionária exige que os Redentoristas levem uma vida verdadeiramente pobre, que seja condizente com a dos pobres a evangelizar. Dessa maneira demonstram solidariedade com os pobres e se tornam para eles um sinal de esperança.

66.    Procurarão igualmente, com sinceridade, compreender os valores tidos em consideração por outros povos, mesmo que não sejam conformes aos seus e aos de sua cultura. Daí se originará aquele frutuoso diálogo que revelará as riquezas que Deus distribuiu aos povos.

67.    Aceitarão de boa vontade a situação que talvez os chame de um lugar para outro a fim de, em espírito de abnegação, viverem em liberdade evangélica (cf. Lc 9,58-62).

A pobreza igualmente os levará a se inserirem com alegria nas diversas instituições, como servos fiéis do Evangelho, colaborando com todos os homens para o bem da missão (cf. Const. 18).

68.    O voto de pobreza emitido pelos Redentoristas, além de uma vida real e espiritualmente pobre, trabalhosa na sobriedade e afastada das riquezas terrenas, importa dependência e limitação no uso e na disposição dos bens, de acordo com o direito próprio da Congregação.